Por Natascha Jonov
Nos últimos anos, a Arábia Saudita tem aparecido com frequência nas manchetes. Seja por questões políticas, avanços tecnológicos ou por seu ambicioso projeto Visão 2030, que busca transformar o país em várias frentes, incluindo o turismo.
Mas como é, de fato, viajar para este destino que sempre foi envolto em mistério e tantos preconceitos?
Recentemente, embarquei nessa jornada. E agora quero compartilhar o que vivi por lá — com honestidade e um olhar de quem acredita que viajar é sempre um ato de escuta e transformação.
Um país que está (literalmente) se abrindo
Desde 2019, a Arábia Saudita passou a permitir a entrada de turistas por lazer, algo impensável poucos anos atrás. Desde então, eu “namorava” esse destino. E como fundadora da Nplanos, aproveitei uma viagem de férias com meu marido para também visitar parceiros locais e conhecer de perto a estrutura oferecida aos nossos clientes.
Foi uma oportunidade preciosa de viver na pele o que oferecemos: curadoria, experiências únicas e, principalmente, escuta ativa sobre o território.
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Quebrando preconceitos. Inclusive os meus.
Antes de viajar, eu já sabia que muitas ideias que temos sobre a Arábia Saudita vêm de uma narrativa única e repetida ao longo dos anos. Mas minha escolha foi ir de coração aberto. E recomendo que quem visite o país faça o mesmo.
Logo no aeroporto, percebi o impacto das mudanças que o país vem implementando com o Visão 2030. Desde o atendimento bilíngue (inglês e árabe), até a abordagem dos locais – calorosa e muito respeitosa –, senti um país que quer se mostrar ao mundo de outra forma.
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Entre tradições e contradições
Não dá para ignorar: foram décadas de portas fechadas. E abrir o país ao turismo, ainda mais em um ritmo tão acelerado, naturalmente gera tensões internas.
No aeroporto, me disseram que o uso do lenço na cabeça era opcional. Ao meu lado, um grupo de mulheres mais velhas usava a vestimenta completa e se afastava de nós visivelmente por eu estar com meu marido. É uma convivência delicada entre o antigo e o novo, visível em cada esquina.
Mas é ouvindo histórias que a gente entende mais. E foi isso que fizemos: conversamos com guias, motoristas, atendentes, locais e estrangeiros que vivem no país. E, mais uma vez, me impressionei.
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Mulheres dirigindo, jovens sem véu e liberdade em transformação
Eu esperava mais regras rígidas e separações de gênero. Mas encontrei mulheres dirigindo, trabalhando, andando sozinhas e, muitas vezes, sem cobrirem a cabeça. As mais jovens, principalmente, vivem essa transformação com mais naturalidade. Em um dos hotéis, o concierge era uma pessoa trans. E as conversas com mulheres locais foram, sem dúvida, um dos pontos altos da viagem.
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Turismo como ferramenta de mudança?
Alguns podem ver o crescimento do turismo como estratégia de marketing do governo. Outros, como eu, acreditam no seu potencial de gerar desenvolvimento real. Vi investimentos em espaços públicos, cultura, meio ambiente e educação. As escolas agora ensinam mandarim e inglês, por exemplo.
Não estou aqui para romantizar o país, nem para ignorar os desafios. Mas, sim, para contar como essa viagem me mostrou que o turismo pode (e deve) ser um agente de transformação.
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Um destino para quem ama viajar com propósito
Se você é do tipo que viaja para aprender, se encantar e ouvir histórias, a Arábia Saudita vai te fascinar. Desde os sítios arqueológicos tombados pela Unesco, como Hegra (em AlUla), até as ruínas de At-Turaif (em Riad) e o bairro histórico de Al-Balad (em Jeddah), o país guarda um patrimônio milenar.
As cidades ganham vida a partir das 16h, com mercados, cafés e restaurantes fervilhando de locais curiosos e acolhedores. A hotelaria é de alto nível, a gastronomia é incrível e as paisagens: entre desertos, montanhas e o Mar Vermelho, são de cair o queixo.
Foi uma das experiências mais surpreendentes da minha vida. E com certeza, um destino que quero recomendar cada vez mais.
Se você quer descobrir a Arábia Saudita com quem já foi, conhece e sabe como montar a viagem certa para o seu estilo, estamos aqui.
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